quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Não me venha com chorumelas

Volta e meia vem alguém reclamar que nesta ilha não há nada para se fazer, que aqui não tem cultura, não tem teatro, não tem show, não tem balada, que é praticamente um fim de mundo. Lembro com um certo ar de nostalgia quando praticamente tínhamos um lugar apenas para ir e sabíamos ao certo o horário de chegada de cada pessoa. Mesmo nesta época éramos limitados pela nossa parca visão das alternativas, pois havia sim outros caminhos, e eles não levavam todos ao mesmo lugar.

Eu acredito sim que hoje Florianópolis pode regojizar-se com muitas de suas propostas. Logicamente não é uma São Paulo, mas também não é o interior de Angelina. Para quem se antena há programa de segunda a segunda, desde que você não queira tomar um suco de jaca ou comer um javali ao molho de kiwano às 2 horas da manhã de uma terça feira chuvosa. Na verdade a chuva não faz diferença.

Foi a Karla Francine que botou a pilha e lá fomos nós para a exposição do fotógrafo André Laus na Cor Galeria de Arte lá nas Rendeiras. Sim, nós temos uma galeria de artes nas Rendeiras. A exposição, chamada "Gimme a Break!" retratou os B-boys do "048 Crew" em suas peripécias corporais pelos cantos da cidade. Tivemos direito, inclusive, a apresentação de break dos meninos. Ainda rolou uns drinks com a dignidade de espantar qualquer nóia de Gripe A: uma mistura de gengibre, pimenta,morango, hortelã, suquinhos e a famosa vodka. Djiliça!!!!!

De lá, direto para o show do Dazaranha, que acho que já tá virando sócio da casa de shows. Mesmo assim, faça chuva, sol ou de tufão, os caras conseguem levar uma galera para os seus shows, mesmo sendo sempre igual.
Eu que ando me divertindo com o uso capião que ando fazendo da câmera da minha prima, filmei tudo, ou o que a minha paciência permitiu. Cada vez que isso acontece, Hollywood estremece. Entendeu, né?!?!?



sábado, 15 de agosto de 2009

Rock de Inverno e o eterno ir e vir de Fellini

Foi há três semanas atrás e tudo aconteceu de uma hora para outra, com exceção do frio que continuava insistindo em fazer parte do contexto. Mas tinha que ser, afinal era Rock de Inverno. Assim fui parar em Curitiba, para assistir o festival de música independente, com a pretensão maior de ver pessoalmente a banda que entoava os undergrounds paulistanos nos meados da década de 80: Fellini.

Bem, mas vamos ao início. Foram três dias destinados à música independente com espaço, inclusive, para debate acerca da produção e futuro da mesma. Cheguei no terceiro dia. E as bandas também já haviam começado.

Ainda consegui pegar o remate do Jê Revê de Toi, um duo curitibano que mistura instrumentos analógicos, samples e vocal em português, convertendo o ambiente numa caixa acústica totalmente experimental. Ruído/MM, também de Curitiba, teve a qualidade do seu som prejudicada em função do retorno. Misturando “apenas” instrumentos: 3 guitarras, 2 baixos, piano, bateria, escaleta, acordeon eeee (...fôlego) sintetizadores, mostrou uma sonoridade do jazz ao punk que rendeu um certo estímulo. Todo o resto me fez sentar, despertando apenas um educado “clap, clap”.

Mas chegou o momento mais esperado. Pelo que eu vi a grande platéia estava lá pra ver o revival daquela que foi a gênese do indie brasileiro. Desde 2003, quando então foram convidados para tocar no TIM Festival, a banda paulistana Fellini não se reunia para tocar para o público. Comemorando seus 25 anos de idas e vindas com dois shows ( um em São Paulo e este em Curitiba), a banda formada por Cadão Volpato, letrista, vocalista e mentor intelectual, Thomas Pappon e Jair Marcos nas guitarras e Ricardo Salvagni no baixo, tem o dom de se manter na memória de um público fiel que assiste seus shows com um inegável ar de nostalgia. Porém, os próprios parecem não ligar muito pra isso, mesmo tendo caras como Chico Science, D2, Fred Zero 4 que já declararam terem sido influenciados pelo som do Fellini.

Com Clayton Martins como baterista convidado, Fellini tocou seus clássicos, já que era isso mesmo que o povo queria ouvir. Entrou com “Massacres da Coletivização” do álbum “3 Lugares Diferentes” de 1987, passando por “Rock Europeu” (ovacionado), “Ambos Mundo”, “Clapsidra”, “Zum Zum Zum Zazoeira”, “Teu Inglês”, “LSD”, “Chico Buarque Song” e outras cositas mais. Com direito a gritinhos de “volta, volta”, um Cadão Volpato com estilo de Ian Curtis retorna ao palco para terminar o show com o clássico “Amor Louco”. Abaixo uns videozinhos meio toscos do show.