sábado, 26 de julho de 2008

SOBRE PRÍNCIPES E SAPOS

Ontem fui dormir cedo, principalmente para uma sexta-feira. Coloquei a cabeça no travesseiro e o celular começou a tocar, era uma amiga geminiana, sócia de uma grande operadora de telefonia celular. Não sei se vocês sabem, mas pessoas geminianas são regidas por Mercúrio, o planeta da comunicação (assim como eu, "cândida" virginiana), dessa forma adoram gastar seu latim. Também não conheço nenhuma pessoa nascida sob este signo que tenha feito pacto com a sanidade, mas enfim, o que quero dizer é que lá se foi meu sono destilar-se em uma hora e meia de conversa. Tudo bem, era ela quem estava pagando.
Mas foi dessa convenção via Embratel, que me surgiu a idéia de falar sobre príncipes e sapos. As mais variadas pautas estiveram presentes, mas teve uma em especial que me fez rachar o bico de tanto rir, levando-me a lembrar de várias outras histórias semelhantes: a capacidade que sapos e príncipes têm de se metamorfosearem um em outro.

A primeira história que me vem sempre a cabeça é de uma amiga que em uma bela manhã liga-me contando que tinha conhecido um belíssimo príncipe. Ele era alto, atlético, esportista, inteligente, usava um cavanhaque, entendia de arte e gostava de cinema. Um mês depois ele era barrigudo, ignorante, não existia coisa mais brega que aquele cavanhaque ridículo que ele insistia em usar, tinha um mau gosto desgraçado, falava o que não devia na hora em que não devia, era péssimo no esporte que praticava e cinema só gostava mesmo dos blockbusters. Ele era uma tragédia em forma humana. Pra mim tudo isso era uma comédia.
Tenho uma amiga que não acredita em príncipes, para ela todos são sapos. E mesmo os que parecem príncipes ela move mundos e fundos para desmascarar o infeliz. Porque não é que ele tenha uma porção sapo, para ela todos são sapos em sua totalidade. Ela tenta "aceitá-los" assim, aproveitando para exercer seu sarcasmo e masoquismo.

Para uma outra todos são príncipes, mesmo que pareçam sapos. Ela tem fé. Na verdade os moçoilos acham que o sapo é ela. Após o primeiro beijo ela solta uma gosma pegajosa que tanto príncipes como sapos saem correndo na velocidade da luz. Tem também aquela que gosta mesmo é dos sapos, e eles nunca se transformam em príncipes. Ela adora um ogro.
Bem, sapos e príncipes não existem, assim como não existe perfeição. Isso tudo às vezes só pode ser resolvido com um psicanalista ou, quem sabe, uma boa dose de realidade.

Um comentário:

Tharci disse...

Belíssima definição! Tem um quê de Martha Medeiros nessa crônica, mas acho que ela ficaria é com inveja com tua habilidade de tornar esta eterna tormenta em uma bela, porém sempre imprevisível cachoeira!
Bjsss Tharci