segunda-feira, 14 de julho de 2008

VOCÊ TEM FOME DE QUÊ?

Há uns anos atrás li na revista Colors, publicada na internet e que costuma a cada edição explorar uma palavra e as diferentes relações/siginificados que esta pode adquirir, o conceito de “Lust”. A publicação é em inglês, mas “lust” significa, em bom português, “apetite sexual”. As fotos e textos que decoravam o artigo iam desde as prostitutas expostas nas sex shops de Amsterdan, passando pelas mais variadas marcas do mundo fashion até junkies foods. Todos estimulando nossos sentidos, nossos desejos e criando-nos necessidades.
Por aí vem a questão do porquê consumimos. Não precisa ter uma mente brilhante para entender que 90% do que compramos não é por necessidade. Compramos para “ser”, ou melhor, achar que “somos”. Ninguém vende produtos, vende-se status, sonhos, identidades e identificações. Se nós, “adultos”, somos constantemente seduzidos pelos apelos da publicidade, o que dizer das crianças e adolescentes, “vorazes consumidores”, e para os quais uma grande parte da mídia publicitária é voltada?
Essa semana foi aprovado pela Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, um projeto que acaba com toda e qualquer propaganda voltada diretamente para às crianças. Em mais um jogo de persuasão, o que já era de se esperar, já surgiu gente aclamando a inconstitucionalidade do projeto. Claro está que só reclama quem vem a perder com isso: empresários do ramo e publicitários da área.
Mas até chegar a decisão final muita água ainda vai rolar, pois o tal “projeto” (o nome já diz tudo) ainda deve tramitar, mesmo que de forma conclusiva pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara, para então ir à votação no Senado.
O projeto é positivo, um avanço contra apelos escancarados de consumo que circula o tempo inteiro na televisão e em outros meios. Ainda não se sabe quem está ganhando com isso, já que a mídia vive de publicidade e crianças são um grande nicho de mercado. Se aprovado, as propagandas passarão a ser destinadas aos pais, como se esses fossem imunes à sedução. Pais adoram transformar seus filhos em obras pessoais. Esperaremos as estratégias do próximo intervalo.

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